Transcript:
DRI: Hoje vamos contar pra vocês um pouco sobre a história da imigração libanesa para o Brasil e, assim, poderemos entender por que hoje há no Brasil mais libaneses do que no próprio Líbano! Você sabia disso, Lud?
LUD: é surpreendente, né? E tudo começou em 1880, quando, do porto de Beirute, saiu o primeiro navio com libaneses em direção ao Brasil, sendo considerado este momento como o marco do início oficial da imigração libanesa para o Brasil.
DRi: mas por que os libaneses resolveram migrar?
LUD: bom, As causas principais da imigração foram questões de natureza econômica, política e religiosa (havia uma grande quantidade de libaneses cristãos fugindo do domínio muçulmano do Império Otomano).
DRI: ah sim. E quando eles chegaram ao Brasil, os estados que mais receberam libaneses foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Goiás. Aqui mesmo pra Carangola, vieram muitos! Tem várias famílias aqui de origem libanesa. A do meu marido mesmo é. Acho que o avô do pai dele veio direto do Líbano pra cá.
LUD: que interessante! Mas você sabia que Por causa do domínio do império turco otomano a entrada de sírios e libaneses se dava, até 1892, com passaportes Turcos? Entre os anos de 1893 e 1926, eles eram classificavam como ????Sírios ????, sendo a entrada com passaporte libanês só a partir do ano de 1926. Por essa entrada inicial com passaporte Turco, até hoje é comum se referir aos árabes e seus descendentes como “turcos”.
DRi: e é uma generalização que não é adequada, né?!
LUD: E esse primeiro fluxo migratório foi impulsionado pela visita do imperador Dom Pedro II em 1876.
DRI: Pois é. Don Pedro II, imperador brasileiro, visitou Beirute e estreitou os laços entre os dois países. Mas é preciso ponderar que, embora se reconheça a importância dessa visita, o Brasil continuava a ser uma terra praticamente desconhecida para os libaneses. Por esse motivo, os documentos históricos revelem que a maior parte dos imigrantes acreditava estar indo para os Estados Unidos e ao desembarcarem nos portos de Santos ou do Rio de Janeiro, pensavam estar pisando em solo americano.
LUD: pois é… Mas isso também aconteceu porque alguns não conseguiram o visto americano e julgaram que a entrada no Brasil seria menos difícil. Porém, havia também um grupo que veio ao Brasil estimulado pelos familiares que já tinham migrado para o Brasil e encorajavam a vinda como forma de melhora de vida.
DRI: de fato, muitos enriqueceram aqui. Não foram todos, claro. Enquanto a maior parte dos imigrantes que vieram para o Brasil foi trabalhar na área rural estimulados principalmente pelo governo, os sírios e libaneses se fixaram nas cidades dedicando-se às atividades comerciais. Possuindo capital limitado muito deles iniciaram a vida em atividade conhecida como mascates, que era o vendedor que comercializava suas mercadorias de porta em porta. Quando prosperavam, investiam na abertura de negócio próprio. O bisavô do Otávio, por exemplo, abriu o próprio comércio.
LUD: que legal. Este primeiro período de imigração perdurou até o ano de 1900 quando se iniciou outro intervalo até o ano de 1918 que é marcado pela Primeira Guerra Mundial. Os libaneses, dominados pelos otomanos, vieram para o Brasil, que estava em processo de industrialização e urbanização, com esperança em novas oportunidades de vida. Eles se concentraram em dois principais polos econômicos do país: a Amazônia, que passava pelo ciclo da borracha; e o Sul que estava no ciclo do café.
DRI: depois, teve mais 2 períodos de fluxo migratório. O terceiro e quarto período ocorreram entre os anos de 1918 e 1950. Após a Primeira Guerra Mundial, os imigrantes libaneses foram para o Sul do Brasil, que estava com a economia próspera. Com a crise de 1929, os imigrantes que tinham reserva de economia investiram em propriedades para a abertura de novas indústrias e comercio. A remessa do dinheiro aqui conquistado para o Líbano diminuiu e os negócios foram sendo passados de pai para filho, favorecendo a fixação da colônia libanesa.
LUD: Com isso, segundo dados de 2020, a comunidade libanesa no Brasil (em sua maioria formada por descendentes) é maior do que a própria população do Líbano. Há aproximadamente 10 milhões de libaneses e descendentes contabilizados no Brasil contra 5,9 milhões contabilizados no Líbano.
DRI: quase o dobro, né?! Que interessante isso.
LUD: muito. Até curioso. Enfim, se você que tá nos escutando gostou de saber isso e quer continuar melhorando sua compreensão oral e sua pronúncia com nossos podcasts, enquanto aprende curiosidades sobre a língua e a cultura brasileiras, não deixa de se inscrever nos nossos podcasts pra receber a notificação quando um novo episódio estiver no ar!
DRI: isso aí! Foi um prazer estar com vcs hoje. Até a próxima!
LUD: Até mais!